16 janeiro, 2015

 
   Às vezes eu chego a conclusão de que a gente é uma bagunça, como aquele quarto que sempre fica trancado no fundo da casa, entulhado de coisas e difícil demais pra alguém ir até lá (difícil até pra achar a chave pra conseguir entrar). Só que também, quando alguém entra, custa pra sair, não por ser complicado mover-se ali dentro, mas por ser cômodo demais pra querer ir embora. E quando você percebe, já se passaram horas ali dentro remexendo naquelas coisas e lembrando de quando elas faziam algum sentido.
   Algumas coisas trazem uma sensação boa, outras nem tanto, mas independente de como ela seja, é como se aquilo um dia fez parte de você ou que na verdade, ainda faz. Uma vez aprendi com um cara que a nossa essência ninguém consegue vê-la, mas sim o resultado que ela tem sobre você, através do que você faz e transparece. Como se tivéssemos inconsciência do interior e consciência do exterior, mesmo que esse exterior se aproxime do que verdadeiramente somos, mas sem chegar no interior que é o que somos (a essência pura), nossos sonhos, o que pensamos, coisas que geralmente não temos tanta certeza ou que mudamos de caminho constantemente, mas é o que mais acreditamos.
   (Pode levar em consideração que esse cara era o Fernando Pessoa ou algum outro dentre dos mais de 72 heterônimos que derivaram dele. Eu disse que era uma bagunça).
   Mas retomando a bagunça principal, é engraçado ver como a gente nem sempre foi o mesmo exteriormente (e é mais engraçado ainda que é essa parte que temos consciência). Pode parecer meio maluco pensar assim, mas ninguém é realmente ele mesmo o tempo todo (você nem sabe quem é, na verdade), nem só em épocas da vida, mas no próprio cotidiano, só que sempre mantendo a mesma essência de sempre. E é bom ser assim. Ter várias visões de mundo e gostar de várias coisas que não se compreendem. E no fundo, no fundo isso tudo faz sentido, somos nós, mesmo que às vezes não sabemos quem somos, mas sabemos que somos.
    Nunca entendi quem gosta de arrumar bagunça.

    Um beijo, Lia.

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